1970. O homem acabara de pisar na lua com o projeto "Apolo 11'' e o poeta percebe um "problema": O carisma da lua misteriosa tantas vezes retratada pelas pessoas dos versos estava agora ameaçado com seus segredos sendo desvendados. A lua que inspirava os poetas e servia de tema aos boêmios (juntamente com "pinga") estava perdendo seu romantismo e isso exigia medidas urgentes.
Interessante observar que Adelino Moreira, o poeta, não se sente ameaçado pelo modernismo mas que precisa adequar-se ao novo momento: Precisa incluir novos temas na seresta(...Misturar os tratamentos, juntar o tu com você...), e excluir os atuais ((minha seresta)...não terá luar nem lua, ...sem marquise e sem calçada, ...sem culto de mulher amada... sem viola e violão.). Além de resiliente, o poeta também se mostra confiante em seu novo modelo de seresta acreditando que ela será até premiada (...minha seresta vai ganhar placa de bronze, pois nem mesmo Apolo onze é mais moderno que ela.). Muito bom, isso!
No final da postagem linquei um vídeo onde o Paulo Vinícius (muitas vezes confundido como Nelson Gonçalves) canta de forma magnífica esta canção.
Boêmio Demodê
Vou fazer uma seresta, Moderninha como quê,
Misturar os tratamentos, Juntar o tu com você,
Eu não quero que me chamem, Um boêmio demodê.
Com acordes dissonantes, Sem marquise e sem calçada,
Sem culto de mulher amada, Na penumbra do balcão,
Seresta ultra moderna, Sem viola e violão.
Minha seresta, Não terá pinga na rua,
Não terá luar nem lua, E nem lampião de gás,
Porque a lua, Nesses tempos agitados,
Já não é dos namorados, Romantismo não tem mais.
Minha seresta, Nesta era espacial,
Vai se tornar imortal, Na voz daquele ou daquela,
Minha seresta, Vai ganhar placa de bronze,
Pois nem mesmo Apolo onze, É mais moderno que ela.
Composição: Adelino Moreira
Assista no Youtube na voz de Paulo Vinícius: Clique aqui.
Fontes:
Adelino Moreira – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
https://artsandculture.google.com/asset/serenata/3QGVhFcaXhY-Uw
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